Construída no ponto mais alto do outeiro onde foi implantada a Vila de Itaboraí, a igreja Matriz de São João batista tinha sua torre como principal destaque. À época de sua construção a sua parte mais alta podia ser observada de longe, marcando sua presença na região. O tipo de construção era próprio do Brasil colônia, sendo a organização espacial das obras nesta época caracterizadas por um grande terreiro onde se destaca a construção da igreja e o desenvolvimento em seu entorno de um casario baixo, deixando ainda mais imponente a edificação sacra, principal característica das construções nesse momento histórico.

Sua constituição é feita em pedra cal de grossos muros e os elementos externos são de cantaria com telhas capa e canal e equilibrada concepção arquitetônica oitocentista de uma só porta de entrada e suas duas janelas do coro. Os vãos laterais são requadrados em cantaria de granito arrematados por arco abatido e a sua torre (única) mantém ainda o corpo totalmente maciço. Dos seus suis altares laterais, três conservam restos de retábulos setecentistas (anteriores a construção da igreja) que provavelmente pertenciam à capela de N. S da Conceição.

De acordo com o cronista Monsenhor Pizarro e Araújo, estando a Capela de N.S da Conceição localizada na fazenda de João Correia da Silva em Iguá já em ruínas o pequeno templo foi mudado para Itaboraí com a mesma invocação no ano de 1627.

Os três da direita conjugam formas barrocas com elementos do neoclássico. Todos os altares laterais apresentam belas talhas de madeira.

De acordo com as informações contidas no inventário do INEPAC, no histórico arquitetônico da igreja consta o início das obras em 1725, sendo inaugurados altar-mor e nave principal em 1742. Período de 1767-1782 foi mandado construir a sacristia, o consistório e o evangelho. Essa nova intervenção propiciou uma solução arquitetônica pouco comum à sua cobertura que resultou numa volumetria singular ao conjunto.

De acordo com João Matoso Maia Fortes, em Vilas Fluminenses Desaparecidas, a origem da Igreja Matriz de Itaboraí data de 1672, ano em que João de Vaz Pereira funda uma capela sob a invocação de São João Batista. O mesmo fundador constrói outro templo em 1684, o qual torna-se independente da jurisdição Vigário Paroquial de Santo Antônio de Sá.

Em 1725, são iniciadas as obras de reconstrução da Igreja, sendo concluídas somente em 1742, quando são inaugurados o altar-mor e a nave principal. De acordo com o inventário da FUNDREM, no período de 1767 a 1782, foram à sacristia, o consistório e o evangelho.

Em 1955, foram feitas reformas no telhado, substituindo as telhas originais (feita nas coxas dos escravos) por telhas canal industrializadas. Também o forro de madeira foi substituído por uma laje de concreto. Em 1969, as diversas sepulturas que ocupam o piso da nave e da capela, originalmente cobertas de madeira, são substituídas por marmorite.

Recentemente foram restauradas as imagens sacras e iniciada a restauração dos seis belos altares laterais, cujas talhas representam importante exemplo do mais puro barroco brasileiro. No entanto, a restauração não foi concluída.

Tombadas como Patrimônio Nacional em 18 de março de 1970, a igreja de São João Batista, que impressiona por sua beleza arquitetônica, necessita urgentes reformas, a fim de que se acabe com as infiltrações que ameaçam todo a acervo iconográfico da igreja.

Palacete (Visconde de Itaboraí)

A casa antiga mais expressiva de Itaboraí é um solar assobradado, de arquitetura neoclássica com feições coloniais, dotado de mirante e erguida na atual Praça Marechal Floriano Peixoto, à época Largo da Matriz, para servir de residência da família Rodrigues Torres.

Em sua fachada principal pode-se observar maior presença de vazios em detrimento de cheios, apresentando simetria bem marcada principalmente pelo sótão que se torna um elemento da fachada substituindo o frontão.

O prédio conserva, apesar das alterações sofridas, características de um sobrado típico de final do séc XVIII e inicio do XIX. Sua presença no conjunto da praça é marcada pelo resultado de uma arquitetura harmoniosa e bem proporcionada, comuns às residências apalacetadas deste período. Numa apreciação mais cuidadosa do prédio, são nítidas as intervenções realizadas, desde um novo programa de planta à aberturas de vão de janelas, escadas, acabamentos e cobertura.

O histórico da propriedade descrito no inventário do INEPAC tem seu primeiro registro em 1803. O período de 1803/10 é a época provável de sua construção.

Com a decadência econômica e o declínio como localização estratégica (inauguração da estrada de ferro Niterói-Cantagalo e conseqüente abandono do Porto das Caixas como entreposto comercial – interior/capital) somados a isso o fim da monarquia e do trabalho escravo – questões que marcavam a administração do próprio visconde de Itaboraí – e queda na produção agrícola da região, diminuiu a importância do palacete.

Já em declínio, torna-se, em fins do século XIX sede da casa de Caridade São João Batista, e só após a segunda metade do século XX tem reconhecida a sua importância histórica e, em 1964, o sobrado é tombado pelo IPHAN e já em 1966, desapropriado e considerado de utilidade pública pela prefeitura; em 1968 ocorre o incêndio que quase destrói totalmente o prédio; em 1969 é doado ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, que resolve então reconstruí-la, respeitando as formas e a arquitetura original para abrigar o Fórum de Itaboraí a partir de 1974. Com a transferência das funções jurídicas para o novo Fórum no bairro de Nancilandia, em 2000 o solar passou a abrigar a Prefeitura Municipal de Itaboraí, quando merecidamente recebeu o título de palacete Visconde de Itaboraí, em homenagem ao grande estadista, Joaquim José Rodrigues Torres, que foi o primeiro presidente da província do Rio de Janeiro e um dos componentes do gabinete imperial (Trindade Saquarema), e um dos grandes dirigentes do partido conservador durante o segundo reinado.

O palacete original era na verdade um conjunto, pois, além do prédio reconstruído existiam casas baixas ao seu redor que faziam parte do complexo, o visconde de Itaboraí morador do palacete era um político importante durante o segundo Império.

Joaquim José Rodrigues Torres, o visconde de Itaboraí, foi uma personalidade tão importante no Segundo Império que transformou-se num dos maiores nomes da política do país nessa época principal líder do partido conservador, que dava sustentação ao governo de D Pedro II, foi ministro de Estado por uma dezena de vezes, além de ter sido o primeiro presidente de província do Rio de Janeiro. Com certeza, constituiu-se no itaboraiense de maior destaque na política nacional de todos os tempos.[1]

O solar era local onde o visconde recebia políticos e personalidades importantes, a constituição original do palacete tinha condição de receber seus convidados e toda a sua comitiva que provavelmente se acomodavam nas casas baixas a volta do palacete, ficando assim o solar e seus aposentos para as personalidades, provavelmente local onde a família real pousava quando passava por aqui.

O palacete tem a sua história ligada diretamente a história do Brasil Império, em seus aposentos grandes decisões políticas foram tomadas. A conservação deste maravilhoso patrimônio histórico é importantíssima para a preservação da história de Itaboraí e para a história do Brasil.

Teatro João Caetano de Itaboraí

Construído pelo Cel João Hilário de Menezes Drummond em 1827 o teatro de Itaboraí foi o primeiro a receber, em 1863, o nome do dramaturgo João Caetano dos Santos, célebre itaboraiense (nascido em 1808). E isso não foi ao acaso, pois foi nesse local, com apresentação de Caetano da peça “O Carpinteiro da Livônia”, em 24 de abril, que se iniciou, o que se tornaria o marco para a fundação da Arte dramática no Brasil, e da autonomização de um teatro verdadeiramente brasileiro, com repercussão até fora da colônia. Dentre várias ações, ele fundou a Companhia Nacional João Caetano e, além de atuar em muitas peças, tanto no Rio como nas províncias, João Caetano publicou dois livros sobre a arte de representar: "Reflexões Dramáticas", de 1837 e “Lições Dramáticas”, de 1862. Dono absoluto da cena brasileira de sua época, morreu a 24 de agosto de 1863, no Rio de Janeiro, deixando um grande legado ao teatro brasileiro. E mesmo hoje, podemos encontrar diversas homenagens por todo o Brasil, inclusive a sua titularidade a vários outros teatros.

Quanto ao teatro Municipal João Caetano de Itaboraí , depois de uso nobre, com o recebimento de grandes artistas, visitantes ilustres, e membros da família imperial durante o seu período áureo (séc XIX), sofreu algumas mudanças e adaptações, primeiramente em 1924, no seu interior, e de fachada em diversas outras ocasiões passando, também, a ser palco de grandes eventos de gala, como os concursos de misses e os célebres bailes de carnaval, em uma época em que a economia de Itaboraí se baseava na cultura da laranja. Porém, em 1974, após períodos de abandono e descaso ao seu inestimável valor histórico, e já em ruínas, teve o restante de suas paredes demolidas, ao invés de promoção de sua salvaguarda.

Em 1985 o então prefeito João Baptista Caffaro promove a sua reconstrução com uma nova fachada, que permanece em nossos dias. O senão fica pelo fato de que nunca teve sua conclusão definitiva, pois ainda faltam os equipamentos adequados, tratamento acústico, climatização, além de alguns aspectos arquitetônicos até hoje indefinidos. E mesmo com toda a precariedade, e sem grandes investimentos, o Teatro João Caetano recebe pequenas turnês, apresentações de grupos locais, alguns shows de humor, dança e de música, e esporadicamente oferece oficinas de teatro amador e de dança, o que já justificaria a sua conclusão.

Mesmo assim, já recebeu grandes artistas como Chico Anysio e Giulia Gam, dentre outros, mas nada que lembre a beleza, valor e orgulho que representava para o povo itaboraiense no séc. XIX.

O Teatro Municipal João Caetano de Itaboraí é parte do conjunto memorial arquitetônico do Centro Histórico de Itaboraí que é reconhecido pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, como um dos mais importantes do Brasil por sua importância histórica e pela relevância de seus principais personagens além do dramaturgo, como Joaquim José Rodrigues Torres – O Visconde de Itaboraí; o escritor Romancista Joaquim M. de Macedo, autor de "A Moreninha", o sociólogo e político Alberto Torres e Salvador de Mendonça que fundou a ABL – Academia Brasileira de Letras com Machado de Assis.

Prof. Cláudio Rogério S. Dutra
Texto e Pesquisas

Casa Heloisa Alberto Torres

A Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres está localizada na Praça Marechal Floriano Peixoto, 303 – Centro – Itaboraí/RJ, e tem em seus arquivos, exemplares documentais da memória de Itaboraí, do Brasil, além dos acervos pessoais da antropóloga e diretora do Museu Nacional, Heloísa A. Torres e de seu pai, o político, escritor e jornalista Alberto Torres, que foi presidente da província do Rio de janeiro.

Criada através de uma ação visionária da antropóloga Heloísa Alberto Torres, que, com sua irmã, Maria “Marieta” Alberto Torres buscavam em 1963, em Itaboraí, um repouso às memórias do pai, Alberto Torres, percebeu que o município, à época, já havia esquecido o seu passado de prosperidade e importância histórica, e até mesmo – além de seu pai – os seus cidadãos mais ilustres como o maior dramaturgo do século XIX, João Caetano dos Santos, o escritor Joaquim Manoel de Macedo (o mais lido de sua época), de Salvador de Mendonça, que fundou a Academia Brasileira de Letras com Machado de Assis; do pintor José Leandro – retratista real, e de um dos políticos mais importantes de seu tempo: Joaquim José Rodrigues Torres – O Visconde de Itaboraí. E é em razão da realidade encontrada, que resolve procurar o poder público local e propor diversas ações de resgate histórico, salvaguarda do patrimônio material, e valorização da Cultura local, incentivando, inclusive, a criação de uma academia de Artes, ciências e letras na região, além de projetos para o Teatro Municipal, biblioteca, instalação de um hotel, e revitalização do Centro Histórico.

Iniciam, então, uma ampla reforma de restauro e adequação do imóvel, para servir como sua residência e espaço museal.

Após o falecimento de Heloísa em 1977 e de sua irmã, Marieta, em 1985, conforme desejo em testamento, o sobrado é doado ao IPHAN, com objetivo de instalação de um museu. E isso ocorre em 1995 com a instalação da casa de Cultura Heloísa Alberto Torres com apoio do IPHAN, através de um Termo de Cooperação Técnica com a prefeitura de Itaboraí.

Hoje, a parceria com o IPHAN, continua sendo importante. O apoio do Superintendente Carlos Fernando, do IPHAN RJ, e do presidente do IPHAN, Luiz Fernando, conforme vislumbra o presidente da FAC – Fundação de Arte e Cultura de Itaboraí, Sergio Espírito Santo, foi um dos fatores que permitiu a inclusão de Itaboraí no circuito cultural e histórico nacional. Esse apoio tem colaborado em diversas de nossas ações. E Cabe lembrar, que em 2009, recebemos do IPHAN RJ, um contrato para tratamento de acervo com trabalho técnico de uma museóloga; custeio para obras emergências na Casa de Cultura,no valor de R$ 62.500,00 e na Igreja Matriz de S.João Batista, num valor de R$ 87.000,00, para o telhado e descupinização, que será complementado em 2010 com nova verba no valor de R$ 400.000,00. E só o PAC- Histórico, exclusivo para cidades históricas, tem previsto para os próximos anos no Plano de Ação para Itaboraí, uma proposta de investimentos em R$ 14.790.000,00 para projetos como a criação da casa do Oleiro, do Centro de Memória de Arte Popular; estudos de tombamento pelo município; revitalização da praça Marechal Floriano Peixoto; urbanização do entorno do Centro Histórico e a criação do Museu Ferroviário e de um centro cultural no distrito de Visconde de Itaboraí.

Porém, a principal notícia para a Casa de Cultura no ano de seu bicentenário é o início das obras de restauro, reforma e revitalização do sobrado, em verba do Ministério da Cultura, com início previsto para Nov/2010, num custeio de mais de R$ 500.000,00, que dará as condições necessárias para manutenção do acervo, abertura do andar superior para visitação, adequação do salão de exposições nos moldes dos melhores espaços do país, e um atendimento mais adequado a pesquisadores, artistas, turistas e toda a sociedade.

Outra importante obra para a Casa de Cultura foi a reforma dos Jardins da Casa de Cultura, proporcionada pelo Ministério do Meio Ambiente, atendendo um pedido da presidência da FAC – Fundação de Arte e Cultura de Itaboraí, cujo projeto e execução ficou a cargo da Fundação Jardim Botânico, em parceria com a prefeitura de Itaboraí. Esse projeto foi especial, pois proporcionou o retorno da beleza do jardim pertencente às irmãs Torres.

Para o futuro, já apresentamos na Superintendência de Museus do Estado do RJ, um projeto para a criação do Museu da Vila de Santo Antônio de Sá, que prestigiará não só Itaboraí, mas toda a região que forma hoje o CONLESTE. Outra proposta que temos atenção especial, trata-se da revitalização do Centro Histórico de Itambi – projeto S. José Del Rey, e do Ecomuseu, que ligará todos os equipamentos culturais, históricos e ambientais e, com a criação do Centro de Memória de Arte Popular, proporcionar intercâmbios de nossos artistas com outras regiões.

Casa de Câmara e Cadeia

A Freguesia de São João de Itaborahy foi elevada a categoria de vila pelo decreto regencial de 15 de janeiro de 1833. A Câmara de Vereadores da referida vila foi instalada em 22 de maio do mesmo ano, e não se sabe em qual local, mas há três possibilidades: a primeira seria o Teatro da nova vila que era dirigido pelo grande teatrólogo João Caetano dos Santos; a segunda seria a Igreja Matriz de São João Batista; e a última, ao contrário das outras, que eram lugares públicos, seria uma casa alugada[2], mais isso, como eu mesmo já mencionei não passam de possibilidades, pois a Ata de instalação da câmara e seu arquivo não existem mais, foram perdidos com o tempo.

O prédio da casa da Câmara só começaria a ser construído em 1836, por solicitação do ano anterior, da referida casa legislativa ao presidente da Província do Rio de Janeiro, o Sr Joaquim Rodrigues Torres, também nativo da região de "Itaborahy" e futuro Visconde, como grandeza de Itaborahy.

"A vista das representações das Câmaras Municipaes das Villas de São João de Itaborahy e Marica, tenho determinado mandar-lhes prestar para edificar as respectivas casas da câmara e cadeia e de jurados, consignações mensais sejam suficientes para concluírem as obras até o fim do anno seguinte"[3]

Conforme Ornellas Ramos[4] o projeto da câmara foi elaborado pelo engenheiro militar alemão Major Júlio Frederico Koller, que também foi autor do plano urbanístico de Petrópolis em 1843 e o projeto do Paço Imperial da Concórdia. A obra só seria concluída em 1840, abrigando assim, no pavimento térreo a cadeia pública e no pavimento superior o plenário e demais salas para fins legislativos.

Forma eleitos para o cargo de vereadores: O barão de Itapacorá, Manoel Antônio Álvares de Azevedo como presidente da Casa; Severino de Macedo Carvalho, pai do ilustríssimo literário e historiador Joaquim Manoel de Macedo; Padre Manoel de Freitas Carvalho Magalhães, vigário da Matriz de São João Batista; José Augusto César de Menezes e José Barbosa Velho, possuindo assim a câmara cinco vereadores.

Pelo mesmo decreto de 15 de janeiro de 1833, criava também seis comarcas na Província do Rio de Janeiro, dentre elas a de Itaborahy.

Art. 1.º Haverá na Província do Rio de Janeiro, seis comarcas, a saber: a da Ilha Grande, a de Rezende, a de Catagallo, a de Campos, a de S. João de Itaborahy, e a de Rio de Janeiro.
Art. 2.º (…) a de S. João de Itaborahy compreenderá os termos das villas de S. João de Itaborahy, de Magé, de Santo Antônio de Sá de Macacu, de Marica (…)

A PRIMEIRA LOJA MAÇÔNICA NO BRASIL

Um fato histórico sem documentos que comprovem sua veracidade, deixa de ser um fato para ser uma possibilidade ou, o que é pior, uma invencionice que, de histórica, não tem nada. Não se faz História por ouvir dizer ou imaginando fatos. "A História", segundo Langlois e Seignobos, “nos ensina a relatividade de todas as coisas e a transformação incessante das crenças, das formas, das instituições”. Por aí se vê quão difícil é a missão daqueles que se debruçam sobre os mapas da vida para narrar o que para trás ficou. Ouve-se amiúde a expressão “a História é a mestra da vida”. Esta expressão está incompleta. A definição de História é ampla e abarca um círculo bem maior de verdades, ei-la: História vero testis temporum, lux veritatis, vita memorae, magistra vitae, nuntia vetustatis est (A História é verdadeiramente a testemunha dos tempos, a luz da verdade, a vida da memória, a mestra da vida, a mensageira dos tempos antigos). A História de nossa Instituição merece respeito. Deixemos, portanto, aos verdadeiros historiadores a missão de relatá-la. Nós outros, que historiadores não somos, devemos ter sempre diante dos olhos que a História é, antes de mais nada, a luz da verdade. Há muito tempo se discute qual teria sido a primeira Loja Maçônica instalada em nossa Pátria. As opiniões divergem, deixando aqueles que não são ligados às coisas da História em palpos de aranha. Em quem acreditar? Hoje, mercê da criação das Lojas de Pesquisas, das Academias, dos jornais, boletins e das revistas maçônicas, algumas de altíssimo quilate, já se pode vislumbrar nos longes do horizonte maçônico uma luz que se torna cada vez mais forte. Alguns escritores, talvez por ufanismo, apontam brasileiros ilustres como tendo sido Maçons, sem que haja a mais mínima prova que estabeleça a veracidade da afirmativa. Outros, por ouvir dizer, ensinam coisas que absolutamente não podem provar. Só para exemplificar e sem citar nomes, temos debaixo dos olhos um publicação que, a par de belos artigos, traz um, naturalmente baseado em alguma coisa que o autor, talvez até bem intencionado, tenha tido conhecimento e tenha dado crédito à informação: Segundo os mais antigos registros, 1786 foi o ano do surgimento da Maçonaria no Brasil, com a volta do Irmão José Alves Maciel da Europa, formado em Coimbra onde Iniciou-se (sic), indo depois para a Inglaterra e França e lá freqüentava as Lojas Maçônicas. De volta ao Brasil, traz a mensagem da Maçonaria francesa, a Maçonaria inglesa defendia o sistema monárquico parlamentar constitucional e a Maçonaria francesa o sistema republicano. Funda Lojas em Vila Rica e Tijuco com propósitos políticos, organizando a revolução emancipacionista, que se chamou Inconfidência. É possível que o articulista tenha tomado conhecimento das informações dadas por Joaquim Felício dos Santos que, sem aduzir quaisquer provas, afirmou que a Inconfidência houvera sido dirigida por Maçons. Felício dos Santos, ainda sem apontar onde buscara tal afirmativa, afirmou que Tiradentes e quase todos os conjurados eram pedreiros livres. Esta é a informação que nos é fornecida pelo historiador maçônico Frederico Guilherme Costa em “Questões Controvertidas da Arte Real”, vol. 3: Ao que tudo indica, o responsável por uma extravagante idéia de uma conjuração maçônica com a conseqüente liderança do Maçom (sic) Tiradentes foi Joaquim Felício do Santos… Rigoroso na pesquisa do documento possuía, porém, o gosto pelo romântico, que o levou ao devaneio de suas declarações sobre a Maçonaria na obra intitulada Memórias do Distrito Diamantino, infelizmente tão copiada e repetida pelos apaixonados pela tese altamente suspeita da Maçonaria que não houve na vida do protomártir da Nação brasileira. Não faz muito tempo, ouvimos um Irm:. de Loja afirmar que a primeira Loja brasileira era o Areópago de Itambé, sem que aduzisse coisa que lhe atestasse a verdade da afirmação. Bons historiadores maçônicos, nos dias que correm, negam tal assertiva, apesar da existência de outros que confirmam a opinião do meu Irmão de Loja. Mário Name, em artigo inserto no Caderno de Pesquisas Maçônicas 11, edição da “A TROLHA”, março de 1996, às páginas 18, escreve: Todos nós sabemos que ao apagar das luzes do século XVIII, mais precisamente em 1796, o frade carmelita Arruda Câmara fundou em Pernambuco, na divisa com o Estado da Paraíba, o famoso Areópago de Itambé cuja finalidade, até hoje um pouco nebulosa, deu margem a muita especulação, especialmente entre os ufanistas escritores brasileiros. Marcelo Linhares, no seu livro História da Maçonaria, Ed. “A TROLHA”, Londrina 1992, transcreve excerto de Mário Melo, tirado da obra “Livro do Centenário Maçônico”, capítulo “A Maçonaria no Brasil” e que diz o seguinte: Desprezando a tradição, podemos afirmar, baseados em documentos, que a primeira Loja Maçônica associação secreta, movida pela liturgia, com fins político-sociais, fundada no Brasil, foi o Areópago de Itambé (Pernambuco). Instalou-o o botânico Arruda Câmara, ex-frade carmelita, médico pela Faculdade de Montpellier, no último quartel do século XVIII, em 1796. Linhares não aceita o que afirma Mário Melo: Apesar das opiniões mais que abalizadas de Mário Melo e Oliveira Lima, este considerando uma sociedade secreta, política e maçônica no seu espírito, senão no Rito que lhe teria sido posterior, o Areópago de Itambé se nos parece mais uma entidade cultural, onde se podia conspirar, que propriamente um Organismo Maçônico. Entretanto, foi lá onde se abeberaram os líderes dos futuros movimentos emancipacionistas republicanos, salientando-se dentre eles Antônio Carlos Ribeiro de Andrade e Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, Cavalheiro da Ordem de Cristo e pois Barão de Suassuma. O saudoso Irm:. Marcos Santiago, no seu livro Maçonaria, História e Atualidade refere-se ao Areópago da seguinte maneira: Em 1796 foi fundado o Areópago de Itambé em Pernambuco, uma sociedade política secreta, que objetivava fazer de Pernambuco uma república, e da qual faziam parte Maçons e padres da igreja católica. Frederico Guilherme Costa, em uma de suas obras, assinala: Sabemos que antes da Cavaleiros da Luz, foi o Areópago de ltambé instalado pelo botânico Arruda Câmara, ex-frade carmelita, médico pela faculdade de Montpellier em 1796. M. L. Machado (Introdução à Historia da Revolução de 1817, 2ª Ed.). Citado por Mário Melo, descreve o Areópago: Era o Areópago uma sociedade política, secreta, intencionalmente colocada na raia das províncias de Pernambuco e Paraíba, freqüentada por pessoas salientes de uma e outra parte e donde saíam, como de um centro para a periferia, sem assaltos nem arruídos, as doutrinas ensinadas. Tinha por fim tornar conhecidos o estado geral da Europa, os estremecimentos e destroços dos governos absolutos, sob o influxo das idéias democráticas (Breves Ensaios sobre a História da Maçonaria Brasileira, Ed. “A TROLHA”, Londrina, 1993). José Castellani, na excelente obra “Do Pó dos Arquivos”, Ed. “A TROLHA”, Londrina, 1995, ao fazer um estudo sobre a primeira Loja fundada no Brasil, preceitua: O Areópago, embora considerado o marco inicial das organizações maçônicas no Brasil, não era uma verdadeira Loja, tanto que o Padre João Ribeiro, que pertencera a ele, teve que ser Iniciado em Lisboa, o que, evidentemente, leva a crer que, na época, não existia Loja regular naquela região. Contudo, é bom observar que Castellani, com o peso de sua autoridade de historiador de primeira água, afirma que o Areópago é considerado o marco inicial das organizações maçônicas no Brasil. Se há os que negam tenha sido o Areópago uma Loja Maçônica, há os que afirmam o contrário. Além de Mário Melo, como já vimos antes, o Irm:. Antônio do Carmo Ferreira, atual Grão-Mestre do GOIPE, Maçom de invejável cultura e grande estudioso das coisas da Maçonaria, não aceita que o Areópago não tenha sido Loja. É o que se deduz ao ler um artigo de sua lavra, publicado em fevereiro de 1994, in Cadernos de Pesquisas Maçônicas 6, Ed. “A TROLHA”, Londrina. Após discorrer sobre a fundação do Areópago e citar vários nomes de participantes da instituição, informa que a casa onde funcionou o Areópago, na Rua Videira de Melo (Itambé), foi derrubada na década dos anos 40 e, no seu lugar, em 1951, foi levantado um obelisco, perpetuando o fato. Ao terminar o artigo, aliás muito bem lançado, Antônio do Carmo afirma, com todos os rr e ss que o Areópago de Itambé foi uma Loja Maçônica, senão vejamos: Em 30 de agosto de 1980, o Grande Oriente Independente de Pernambuco retomava o curso da História, ao reinstalar (o grifo é nosso) o Areópago de Itambé, inaugurando uma Loja Maçônica Simbólica com aquele nome distintivo. Realmente, o ato consistiu em grave responsabilidade, não somente para os Maçons daquele Oriente, mas também e sobretudo para a Potência que passou a ter em seu seio a Oficina Berço da Maçonaria Brasileira (o grifo é nosso). E é preciso ser digno disto. Já alguns historiadores de renome no mundo maçônico – José Castellani, Frederico Guilherme Costa, Ricardo Mário Gonçalves, entre outros – escreveram que a primeira Loja fundada no Brasil foi a “Cavaleiros da Luz”. Para tanto, eles se baseavam em escrito de F. Borges de Barros, publicado no Volume XV dos Anais do Arquivo Público da Bahia, intitulado Primórdios das Sociedades Secretas da Bahia, onde se afirma que tendo aportado a Salvador a fragata francesa “La Preneuse”, comandada pelo Capitão Larcher, logo se tornou alvo de visitas dos homens mais esclarecidos da terra e que dessas visitas, que se converteram em reuniões, surgiu a 14 de julho de 1797 a Loja Maçônica “Cavaleiros da Luz”. O escrito de Borges de Barros é de 1928. José Castellani, em artigo publicado na Revista Acácia, nº 33, de Porto Alegre, diz das razões por que a fonte de informação era respeitável: Borges de Barros, que era Diretor do Arquivo Público da Bahia e Grão-Mestre da Grande Loja da Bahia – a primeira a ser fundada no Brasil, quando da cisão de 1927 – publicou, em 1928, no volume XV dos Anais do Arquivo, às paginas 44 e 45, a história da “Cavaleiros da Luz”, informando que as reuniões preparatórias teriam sido realizadas a bordo da fragata “La Preneuse”, sob liderança do comandante Larcher. A posição de Borges de Barros e sua intimidade com os arquivos tornavam fidedigna essa informação. E mesmo com contestações, não pode ser descartada a existência da “Cavaleiros da Luz”, sem profundo exame da questão. Tinha-se, pois, como certo que a primeira Loja Maçônica fundada no Brasil fora a “Cavaleiros da Luz”, fato que teria ocorrido na povoação da Barra aos 14 de julho de 1797. Essas observações de Castellani eram necessárias, porque surgiram sérias dúvidas sobre a veracidade das informações dadas por Borges de Barros, depois que apareceram documentos que negavam a presença da fragata “La Preneuse” em águas territoriais baianas. Quando exercíamos o Veneralato de nossa Loja “Ponto no Espaço 279″ (94/95), convidamos nosso Irm:. e historiador, professor da USP, Ricardo Mário Gonçalves para uma palestra sobre a primeira Loja Maçônica do Brasil e fomos surpreendidos ao ouvirmos daquele nosso ilustre Irm:. que a fragata “La Preneuse” jamais estivera no Brasil. O palestrante dizia que fazia tal afirmação escudado em trabalho publicado pelo historiador Luiz Henrique Dias Tavares que, por sua vez, fundamentava sua assertiva, baseado em pesquisa feita pela historiadora Kátia de Queirós Mattoso nos arquivos Nacional e da Marinha, em Paris. Além de “La Preneuse” jamais ter estado no Brasil, Larcher, quando esteve em Salvador, desembarcou do navio “Boa Viagem”, em novembro de 1796, tendo embarcado de regresso à França em 2 de janeiro de 1797. E o ilustre palestrante argumentou: Se a “Cavaleiros da Luz” foi inaugurada em julho de 1797 e Larcher havia embarcado em janeiro daquele ano, como poderia aquele oficial da marinha francesa ter participado da fundação da Loja, conforme se apregoa? Por aí se vê que é necessário muito estudo, pesquisas e mais pesquisas para que, com base em fontes fidedignas, se possa afirmar que isto ou aquilo é realmente um fato histórico digno de fé. Nós, que não somos historiadores e que dependemos das informações que eles nos fornecem, precisamos meditar e meditar fundo nas palavras do historiador maçônico Frederico Guilherme Costa, autor de “Questões Controvertidas da Arte Real”, vol. 3, Ed. “A TROLHA”, Londrina, 1997, que depois de fazer um estudo sobre a temática que acabamos de expor, afirma: De tudo o que foi exposto conclui-se que a verdadeira função do historiador, que tem vida curta, consiste em rever permanentemente as informações que possui e que estão sendo sempre enriquecidas com novas fontes, partam elas de pesquisas de terceiros ou da sua própria, mas sempre tendo em mira a boa forma e o bom conteúdo, jamais a ironia. A questão da nossa historiografia é uma disputa do significante, pois a escrita só cumpre o seu papel quanto mais se aproxima da palavra. Ela é sempre relativa. É da ordem do corpo e não do sentido, da cultura e não da natureza. Mas, afinal, qual a primeira Loja Maçônica Regular fundada no Brasil? Mário Name, no artigo retro citado, diz que a primeira Loja Maçônica fundada no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, no ano de 1800, recebeu o nome de “União”, e que um ano depois, devido ao grande número de Irmãos que a ela aderiram, sofreu restruturação e passou a denominar-se “Reunião”. José Castellani informa que é possível tenha existido a “União”, porém como não existe documento algum que comprove a sua fundação, acredita que a primeira Loja Maçônica fundada no Brasil foi a “Reunião”, em 1801, isto se ficar provado que a “Cavaleiros da Luz” não existiu. Sobre o assunto vejamos o que escreve Frederico Guilherme Costa em “Breves Ensaios sobre a História da Maçonaria Brasileira, Ed. “A TROLHA”, Londrina, 1993, após ter discorrido sobre o Areópago e sobre a “Cavaleiros da Luz”: Mas segundo o manifesto de José Bonifácio publicado em 1832, a primeira Loja Simbólica regular no Brasil foi instalada em 1801, debaixo do título de REUNIÃO, filiada ao Oriente da Ilha de França, e nomeado para seu representante o cavaleiro Laurent, que a fortuna fez aportar às formosas praias da Bahia de Niterói e que presidira a sua instalação. Na mesma página, o autor informa: Em 1801 a Loja “Reunião” é regulamentada instalada sob o reconhecimento do Oriente da Ilha de França, seguindo-se as Lojas “Constância” e “Filantropia”, subordinadas ao Grande Oriente Lusitano. Se a Cavaleiros da Luz foi a primeira Loja Maçônica no Brasil e o Areópago o primeiro núcleo secreto revolucionário, a Loja “Reunião”, à luz dos documentos, respeitadas as leis e tradições maçônicas foi a PRIMEIRA LOJA MAÇÔNICA REGULAR NO BRASIL. Mário Verçosa, past Grão-Mestre da Grande Loja do Estado do Amazonas, relaciona as 16 primeiras Lojas do Brasil, como vem exposto por Marcelo Linhares, na obra citada: 1. “Cavaleiros da Luz”, em Salvador, BA – 1797 2. “Reunião”, no Rio de Janeiro, RJ – 1801 3. “Virtude e Razão”, em Salvador, BA – 1802 4. “Constância”, no Rio de Janeiro, RJ – 1803 5. “Filantropia”, no Rio de Janeiro, RJ – 1803 6. “Emancipação”, no Rio de Janeiro, RJ – 1803 7. “Beneficência”, no Rio de Janeiro, RJ – 1803 8. “Distintiva”, em Niterói, RJ – 1812 9. “Comércio e Artes”, no Rio de Janeiro, RJ – 1815 10. “Pernambuco Oriente”, em Recife, PE – 1817 11. “Pernambuco Ocidente”, em Recife, PE – 1817 12. “Revolução Pernambucana”, em Recife, PE – 1817 13. “União e Tranqüilidade”, no Rio de Janeiro, RJ – 1817 14. “Esperança de Niterói”, em Niterói, RJ – 1821 15. “Conciliação de Pernambuco”, em Recife, PE – 1822 16. “Nove de Janeiro”, no Rio de Janeiro, RJ – 1822.

BIBLIOGRAFIA 1. BANDECCHI, Brasil. “A Bucha, a Maçonaria e o Espírito Liberal”, Parma: São Paulo, 1982. 2. CASTELLANI, José. “Do Pó dos Arquivos”, “A TROLHA”: Londrina, 1995. 3. ___________. “Conjuração Mineira e a Maçonaria que não Houve” (co-autoria com Frederico Guilherme Costa) Gazeta Maçônica: São Paulo, 1992. 4. ____________. “A Polêmica em Torno da Primeira Loja Maçônica do Brasil – uma Novidade Bastante Antiga”, in Revista Acácia, nº 33, Porto Alegre, 1995. 5. COSTA, Frederico Guilherme. “Breves Ensaios sobre a História da Maçonaria no Brasil”. “A TROLHA”: Londrina, 1993. 6. “Questões Controvertidas da Arte Real”, vol. 3. “A TROLHA”: Londrina, 1997. 7. DONIDA, Odilon Carlos Nunes. “Datas e Fatos que Fizeram a História da Maçonaria no Rio Grande do Norte e no G.O.L.E.R.N”, in Cadernos de Pesquisas Maçônicas, nº 10. “A TROLHA”: Londrina, 1995. 8. FERREIRA, Antônio do Carmo. “Nossa Gente”, in Cadernos de Pesquisas Maçônicas, nº 6. “A TROLHA”: Londrina, 1994. 9. LINHARES, Marcelo. “História da Maçonaria”. “A TROLHA”: Londrina, 1994. 10. NAME, Mário. “Tiradentes em Lisboa” – in Cadernos de Pesquisas Maçônicas, nº 11. “A TROLHA”: Londrina, 1996. 11. SANTIAGO, Marcos. Maçonaria – história e atualidade”. “A TROLHA”: Londrina, 1992. 12. VIEIRA, Júlio Doin. “Maçonaria, um Estudo Completo”. “A TROLHA”: Londrina, 1997.

[1] Personalidades históricas de Itaboraí III, Visconde de Itaboraí: Série Patrimônio cultural

[3] RAMOS, César Augusto Ornellas. História da Câmara Municipal de Itaboraí.Disponível em: www.itaborai.rj.gov.br

[4]

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